domingo, 10 de janeiro de 2010

Passados oito séculos das façanhas que tornaram Robin Hood um mito, o Professor Stephen Knight, da Universidade de Cardiff (Inglaterra), puxou o herói para fora do armário. Algumas baladas medievais, que celebravam o benfeitor que roubava dos ricos para dar aos pobres, teriam sido modificadas para apagar o conteúdo homossexual.O Professor cita em seu livro "Robin Hood, a myithic biography" (Editora Paperback - 2003) uma canção que diz, na tradução literal: "Quando Robin Hood tinha uns vinte anos, conheceu João Pequeno, uma espada rápida e perfeita para o negócio, porque ele era um homem cheio de desejo". Nem sombra de Lady Marian, que seria uma invenção histórica, literalmente, para inglês ver.A matéria, publicada no "Sunday Times" em dezembro de 2009, provocou muita polêmica. A Robin Hood Society, presidida por Mary Chamberlain, saiu em defesa lamentando "que se especule dessa forma sobre a vida de um personagem com quem tanto se identificam as crianças de todo mundo". Por outro lado, o conde de Huntington, herdeiro do título que, na lenda, foi dado a Robin Hood e que se dizia descendente dele, apressou-se em desmentir o parentesco. "Não há nenhuma prova de que ele pertencesse à família", disse.Por coincidência, o ator mais famoso de todos os que encarnaram o moço de chapéu de peninha foi Errol Flynn. Flynn, apesar de seus vários casamentos, saía do guarda-roupa por conta própria afirmando usar "técnicas orientais, apreendidas em Hong Kong, para prender os parceiros e parceiras" e tinha fetiches diversos. O ator Tyrone Power e o escritor Truman Capote estão em sua lista de namorados.

Os símbolosO Professor Stephen Knight declarou aos jornalistas do "Sunday Times" que o livro foi lançado a tempo de participar de um congresso sobre Robin Hood, em Nottingham. Os símbolos "inquestionáveis do imaginário erótico" seriam "o fato do grupo do justiceiro viver no bosque sem a companhia de mulheres e as referências a flechas, espadas e lanças".A história de Robin Hood é do final do século 12, quando Ricardo Coração de Leão participava das Cruzadas, mas os especialistas concluíram as que as baladas celebrando a aventura, foram compostas em torno de 1450. Robin é pássaro de cor verde e penas do peito em tom vermelho e Knight afirma, com veemência, que era um eufemismo para designar "homens com pouca virilidade".Outra sumidade, Barry Dobson (professor da Universidade de Cambridge) apoia a tese e explica que no século 12 a homossexualidade era aceita pela Igreja e que, só mais tarde, começou a intolerância com os gays. E quem foi Lady Marian? Ninguém sabe, ninguém viu, nunca existiu. Teria sido uma invenção para encarar os rigores da era vitoriana.O Professor Knight repete, lembrando que as traduções do Chaucerian English, - dialeto em que as baladas sobre Robin foram escritas - mostravam que "a atmosfera que se respirava no bosque de Sherwood na época em que se desenrola a lenda, era a dos merrie men (rapazes alegres), sem o menor traço da figura feminina".

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