sexta-feira, 30 de outubro de 2009




Os integrantes do Green Day sempre foram politizados, mas é a partir do álbum "American Idiot" (2004), que eles radicalizaram em sua crítica política, à época governados por Bush (2001-2008). O presidente dos Estados Unidos mudou, mas nem por isso a banda deixou de mandar o seu recado. Com o seu novo trabalho, "21st Century Breakdown", eles contam a história de um casal vivendo sobre um país destruído por governantes déspotas e que agora vive uma nova fase com novos mandatários, em clara referência a Barack Obama. No vídeo que você confere a seguir, da faixa título do álbum, fica bem claro esses novos tempos. Em uma das melhores cenas do vídeo, dois políticos discutem e em determinado momento param de brigar e dão um belo de um beijo de língua. Paz e amor. Além dessa cena, vale ressaltar a qualidade do vídeo, todo feito em animação e com uma edição excelente.

Está em cartaz no bar paulistano O Gato a exposição "Fabulosa", do fotógrafo, coreógrafo e diretor teatral Ronaldo Gutierrez. Em imagens provocantes e de forte teor homoerótico, Ronaldo brinca com a inocência dos contos de fadas para retratar a beleza do corpo masculino.
Com passagem em companhias como o Ballet Stagium e o The Royal Ballet, de Londres, Ronaldo, 47, uniu sua experiência como bailarino e seu gosto pela fotografia para alcançar um resultado contundente e diferenciado. Em seu currículo, destaca-se a série que fez para a galeria virtual DevianArt e também seus trabalhos para moda e publicidade.
Nesta entrevista, o fotógrafo fala sobre a ideia da exposição, critica a falta de patrocínio para a arte no país e diz que, entre a realidade e a ficção, prefere retratar o "sonho e a beleza".Pode nos contar um pouco sobre seu trabalho? Como e quando tudo começou?Comecei a fotografar muito cedo, há uns 30 anos mais ou menos, ganhei uma Minolta Reflex e fiquei brincando muito com ela até conseguir alguma coisa. O interesse pela fotografia veio da minha vontade de ser pintor, mas como não sei desenhar uma reta com régua, encontrei na fotografia minha forma de tentar fazer uma obra de arte, por isso, quase todo o meu trabalho tem influência de grandes pintores clássicos.O que o levou a se inspirar em contos de fadas para realizar a exposição?Foi o próprio local. O Bar Gato tem uns becos que parecem masmorras, aí pensei nos contos de fadas, como se os personagens estivessem presos nesse castelo velho e estivessem cansados da brincadeira e buscando a vida real.
Seu trabalho tem um forte apelo homoerótico. Esse "olhar gay" é proposital?Bom, esse é o meu olhar, afinal, sou gay. Por muitos anos, como artista eu não pude fazer o que eu realmente queria. Meus assessores de imprensa e produtores diziam que eu não poderia fazer nada com um apelo muito gay porque senão ficaria nos guetos e não conseguiria público. Mais tarde dei um basta nisso tudo e resolvi fazer o que eu realmente gostava e para quem eu realmente gosto. Sim, fiquei sem público, o dinheiro agora é muito mais difícil, quase não encontro patrocínio nem onde mostrar meu trabalho, mas estou plenamente feliz! Olho a minha obra e pela primeira vez sinto que gosto, pode ser que ninguém mais goste, mas para mim dá prazer.
O que sua atuação como coreógrafo e diretor de teatro influi em seu trabalho como fotógrafo?Tudo! Como coreógrafo eu congelo o movimento que dou ao modelo, produzindo formas plásticas, e como diretor tento fazê-lo revelar sua alma. Não consegui fazer isso direito ainda, mas é o caminho que estou trilhando.
Essas fotos vão compor um calendário que você está produzindo. Como as pessoas poderão adquiri-lo?Vou precisar de patrocínio para poder fazer o calendário. As fotos já estão quase prontas, faltam só mais algumas para poder escolher as melhores. A ideia é que ele seja vendido no próprio bar e pela internet, mas ainda precisamos do bendito patrocínio e apoiadores...
Você mistura a realidade a uma atmosfera onírica. O que é mais interessante para retratar? A realidade ou a ficção?Essa pergunta é difícil! Vivi durante quase 40 anos no palco de todos os tipos... Fiz puteiro, boates gays, passando pela Medieval e Nostro Mundo, terminando no Teatro Municipal e até fora do país. Dancei no Royal Ballet de Londres e uma semana depois no Vagão Plaza. O que seria essa vida? Realidade ou fantasia? Esse dois mundos já colidiram na minha vida faz tempo, respeito os dois, mas se for para escolher, ainda prefiro retratar o sonho e a beleza, mas de uma forma bem mundana.







Estudo anti-HIV necessita de 200 voluntários na Grande São Paulo, entre gays, HsH (homens que fazem sexo com homens), travestis e mulheres transexuais e/ou seus respectivos parceiros sexuais, todos sendo HIV negativos. O iPrEx (iniciativa profilaxia pré-exposição), com sede no Prédio dos Ambulatórios do Complexo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, tem por objetivo descobrir se o uso diário de um medicamento pode complementar o sexo seguro na prevenção ao vírus.O medicamento em teste é o Truvada, um composto de dois elementos (Emtricitabina 200mg e Tenofovir 300mg) já aprovado para o tratamento do HIV nos Estados Unidos e Europa. Testes anteriormente realizados com macacos comprovaram que uma dose diária de Truvada tomada previamente oferece resistência à infecção por um vírus semelhante ao HIV em 100% dos casos, outro estudo feito com mulheres na África mostrou que o Tenofovir não prejudica a saúde de quem o toma e pode contribuir para a prevenção ao HIV.O público alvo foi escolhido devido à constatação de que as opções de métodos de prevenção disponíveis para gays, bissexuais, travestis e transexuais são limitadas e o uso de profilaxia (medicina preventiva) pré-exposição é uma das poucas disponíveis. Essa população recebe prioridade na nova metodologia, visto que a imunidade ao HIV em mulheres genéticas e homens heterossexuais já está sendo avaliada através de outros procedimentos.Àqueles(as) que sonham em ver o mundo livre da Aids e queiram participar do projeto se voluntariando, o grupo oferecerá compensação de despesas com transporte, aconselhamento médico, preservativos, além exames de HIV, Hepatites B e C e outras DSTs. Haverá encaminhamento para tratamentos e para vacinação contra Hepatite B, se necessário, e o mesmo se estenderá aos(às) parceiros(as). Para mais informações sobre o projeto e como participar, acesse: www.iprex.org.br.O estudo - que também está sendo realizado simultaneamente no Peru, Equador, Estados Unidos, Tailândia e África do Sul - é financiado pelo órgão governamental norte-americano National Institutes of Health (NIH) e, aqui no Brasil, é promovido pelas USP (Universidade de São Paulo), UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e Fundação Oswaldo Cruz, com a aprovação da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa.










O fundador da Parada do Orgulho LGBT-Rio, Cláudio Nascimento, e o promoter, apresentador e colunista da G Magazine, David Brazil, gravaram um spot de rádio para convidar a população carioca para participar da 14ª edição da Parada no Rio de Janeiro, que acontece neste domingo, 1º de novembro.Enquanto David Brazil anuncia que "Copacabana vai tremer", Nascimento convida a todos para celebrar "a diversidade humana" e a "viver e amar livremente".Nesta sexta-feira, 30 de outubro, acontece também o 8º Prêmio Arco-Íris de Direitos Humanos, que homenageará personalidades, instituições, empresas e pessoas que se destacaram na promoção dos direitos LGBT em 2008 e 2009.Já o sábado, 31 de outubro, conta com atividades o dia todo voltadas para o público LGBT, como seminários sobre DSTs e aids, mostra de filmes LGBT, exposição e espetáculo teatral.

Os atores Diogo Vilela e Miguel Falabella viverão um casal gay no teatro. Isso porque a dupla, que já contracena no humorístico da Globo Toma Lá Dá Cá, resolveu trazer um famoso musical da Broadway, Gaiola das Loucas, para o Brasil. Além de protagonizar, os dois dirigem a peça que tem estreia prevista para março de 2010. De acordo com o Jornal da Tarde, os ensaios já começaram na casa de Falabella. Os direitos do espetáculo, que também fez sucesso nos cinemas, foram comprados por Vilela e deverá passar por São Paulo e Rio de Janeiro.



Silvetty Montilla fala de como andam expectativas para cruzeiro gay Freedom On Board
Por Irving Alves
A divertidíssima Silvetty Montilla será uma das presenças ilustres na edição 2010 do cruzeiro gay Freedom on Board. A fofa foi convidada pela organização do bafo para animar os viajantes com muito humor e improviso.Em papo com o Mix, Silvetty revelou que está ansiosa para arrasar em alto-mar. Confira como estão as expectativas de Silvetty para o fervo.Você já esteve em um cruzeiro antes?Não, nunca. Até recebi convite para embarcar em um cruzeiro internacional, mas na época a agenda de trabalhos não permitiu. Em 2009 eu ia cobrir o Freedom on Board para a RedeTV!, mas na hora a coisa acabou não rolando. Fiquei muito feliz com o convite para 2010. Estou bem ansiosa.Já está pensando em algo para apresentar no Freedom On Board?Eu vou fazer mais ou menos o show que faço no dia-a-dia. Quem conhece meu trabalho sabe que meu forte é o improviso. Então muito do que vou fazer vai depender do que vou encontrar por lá. Também devo apresentar alguns eventos, como o show de Lorena Simpson.Como vai fazer para que todos os figurinos caibam na bagagem?Meu bem, eu sou muito prática. Basta um batom e gloss e já estou pronta.E se aparecer algum bofe na viagem? Acha que amor de cruzeiro vinga em terra firme?Ah, eu acho sim. Vou até pedir para minha mãe-de-santo dar uma força. Já estou encalhada há tanto tempo, né? Eu já sei que a minha cabine vai ter espaço para oito. Vou para trabalhar, mas também quero aproveitar. Vou dormir só 1 hora e meia por noite. A loca!Se o balanço do mar enjoar, qual será o truque para ficar numa boa?Acho que estar com uma pessoa bem ajuda bastante. Dá até para aproveitar o balanço do navio para balançar junto.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009




O governador do Paraná, Roberto Requião, disse em um programa de TV que o câncer de mama em homens "deve ser consequência de passeatas gay". Requião deu a polêmica declaração, querendo ser "engraçado", ao convidar o Secretário da Saúde do Estado, Gilberto Martin, para falar das ações para o controle do câncer."A ação do Governo não é só em defesa do interesse público, é [em defesa] da saúde da mulher também. Embora hoje câncer de mama seja uma doença masculina também, né? Deve ser consequência dessas passeatas gay", disse Requião ao convidar o secretário ao palco.A assessoria do Governo do Paraná disse ao portal G1 que, por enquanto, não comentará a declaração do governador.
A declaração homofóbica do governador no Paraná, Roberto Requião, provocou reações de diversas personalidades brasileiras. Uma delas foi a do jornalista Arnaldo Jabor, que durante seu espaço no Jornal da Globo da última terça-feira, 27 de outubro, reprovou a atitude de Requião."Por que será que agora os políticos deram para chamar uns aos outros de gays?... O que os move? Por que essa súbita homofobia?", questionou o jornalista. "O governador não precisava dar uma dessa. Só falta dizer que no Paraná não existem gays", completou Jabor se referindo ao presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que recentemente negou a existência da homossexualidade no seu país.Jabor também citou a declaração do governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, que disse que estupraria o ministro Carlos Minc em praça pública.A apresentadora do Mais Você, Ana Maria Braga, também exibiu na manhã de hoje, 28, o já famoso vídeo de Requião e cobrou compostura do político. A polêmica envolvendo o governador do Paraná teve início após ele ter dito que a incidência do câncer de mama em homens "deve ser conseqüência das passeatas gays". Ele participava de uma reunião do secretariado e assessores de primeiro escalão, transmitida pela Televisão Educativa do Paraná.Toni Reis, presidente da ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) afirma que sempre considerou Requião um grande aliado na luta pelos direitos LGBT e, por esse motivo, solicita uma audiência com ele para esclarecer o fato e discutir novos projetos. "As piadas com relação à nossa comunidade infelizmente reforçam o preconceito, a discriminação e a violência que sofremos", diz Toni Reis em uma carta enviada a Requião.



Marcado para ser realizado nos dias 17, 18 e 19 de novembro, na casa Christie's de Paris, o leilão de objetos que pertenceram ao estilista francês Yves Saint Laurent vai ter sua renda revertida para programas de combate ao vírus da Aids (VIH). Ao todo, serão 1200 objetos e obras de arte.Quem deu a notícia beneficente na última terça-feira, 27, foi o companheiro e parceiro de negócios de YSL, Pierre Bergé. Ele declarou ainda à France Presse que, além da renda do leilão, “doarei dois milhões de euros anuais durante cinco anos para a luta contra a AIDS”. Isso dá cerca de R$ 25 milhões. O dinheiro será administrado pelo Fundo Pierre Bergé. As ações prioritárias a serem realizadas com esse dinheiro serão decididas por um pequeno comitê do Fundo. Os objetos leiloados estavam no "Chateau Gabriel", residência do casal na Normandia (norte da França), e em suas casas de Paris. Um primeiro lote de pertences leiloados em fevereiro arrecadou 342,5 milhões de euros (cerca de R$ 875 milhões).



O novo CD infantil da cantora Adriana Calcanhotto tem, dessa vez, três canções de sua autoria, formando assim as 11 faixas do álbum "Partimpim Dois", que recebeu composições de diversos artistas. Entre eles, a de Caetano Veloso com a música "Alexandre", que revela a relação de dois homens.A canção de Caetano conta a saga de Alexandre, o Grande, e cita sua relação com "Hefestião, seu amado", com quem "correu em honra de Pátroclo - os dois corpos nus - junto ao túmulo de Aquiles, o herói enamorado, o amor".Questionada de como se explica essa forma poética de retratar a atração de Alexandre por Hefastião para as crianças, Adriana afirmou que ela já fez sua parte, o resto fica por conta dos pais. "Isso [explicar para as crianças] vai demandar um trabalhinho aos pais. Essa é função deles. Minha parte eu já fiz", disse a cantora Adriana Calcanhoto.
Cientistas australianos divulgaram esta semana um novo estudo que mostra que a circuncisão pode proteger homens gays de contraírem o vírus HIV. Mas tudo vai depender, segundo eles, de seus papéis sexuais. As informações são da agência AAP.“Nós comprovamos pela primeira vez que indivíduos que assumem o papel de ativos numa relação sexual têm menos chances de contraírem o HIV se forem circuncidados”, explicou o Dr. David Templeton, do Centro Nacional de Epidemiologia do HIV em Sydney.Os cientistas recrutaram 1400 homens que não contraíram o vírus da Aids, sendo que 2/3 deles eram circuncidados, e os avaliaram ao longo de quatro anos para analisar possíveis padrões para a infecção pelo HIV. Durante esse período, 53 foram contaminados - apenas 7 deles disseram ser ativos.Os resultados apresentados durante uma conferência em Perth não mostraram nenhuma evidência que a circuncisão pode reduzir o risco de contrair o HIV entre a população gay em geral. No entanto, homens gays ativos tiveram reduzidas em 85% suas chances de contraírem o vírus da Aids se foram circuncidados.Segundo os pesquisadores, a circuncisão pode ser um fator de proteção porque a operação remove parte da glande que é mais suscetível a infecções, permitindo assim que o vírus entre no organismo através do pênis.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009


Depois de uma frustrada tentativa de se casarem na Rússia no começo deste mês, as lésbicas Irina Fedotova-Fet e Irina Shipitko realizaram sua união em Toronto, no Canadá, na última quarta-feira, 27. A lei canadense não obriga os conjugues a morar no país para se casarem.Agora elas querem que seu enlace seja reconhecido também na Rússia, onde a Justiça negou no começo do mês o pedido delas para se unirem. O casal pretende entrar com um pedido de reconhecimento de seu casamento canadense.A lei russa reconhece casamentos realizados no exterior, mas não define que eles tenham que ser obrigatoriamente entre um homem e uma mulher, a brecha legal que o casal vai explorar.

Sergio Caral, governador do Rio de Janeiro, e Eduardo Paes, prefeito da capital, confirmaram presença na Parada Gay do Rio, que rola neste domingo, 1º, na orla da Praia de Copacabana. A atriz Letícia Spiller também irá no trio elétrico que abre o evento.Letícia, aliás, vai à Parada a trabalho. Ela está se preparando para viver um transformista no cinema. Antes da Parada em si, nesta sexta-feira, 30, rola no teatro João Caetano, às 20h, a entrega do 8º Prêmio Arco-Íris de Direitos Humanos. A cantora Alcione fará show na abertura da noite. As cantoras Leila Maria e Zezé Motta também participarão do evento.

A Câmara dos Deputados da Argentina vai começar a discutir as uniões entre pessoas do mesmo sexo no país. O projeto de lei que permite as uniões entra na pauta da Casa de Leis na próxima quinta-feira, 29, segundo o jornal argentino La Nación.O projeto é de autoria das deputadas Silvia Augsburger (Partido Socialista) e Vilma Ibarra (Encuentro Popular y Social) e altera a redação do artigo 172 do Código Civil argentino, trocando “homem e mulher” por apenas “contraentes”.

A visita do príncipe indiano Manvendra Sing Gohil ao Brasil serviu de inspiração para o quadrinho nacional.Ele pertence à família real indiana do antigo estado principesco de Rajipipla e tornou-se mundialmente conhecido ao assumir publicamente sua homossexualidade, mesmo com a ameaça (não consumada) de ser deserdado pela família.O desenhista Ronaldo Mendes fez a ilustração (ambientada na ONG Casarão Brasil) e duas tiras sobre o príncipe, juntamente com os personagens Katita e Dodô.A professora Ethel Weitzman traduziu para o inglês, já que Manvendra receberá o material que também será utilizado na publicação "O Preconceito é Um Dragão", da Katita.

Matéria da revista "A CAPA" de 22 de Outubro




Você leu aqui no A Capa sobre o que aconteceu no domingo (4/10) na cidade de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Leu também o resumo que nosso site publicou da entrevista do prefeito José Camilo Zito (PSDB/RJ) à revista Época: ele prometeu cancelar, novamente, a Parada do Orgulho LGBT da cidade, marcada para o dia 15 de novembro. Segundo o prefeito, não houve cancelamento simplesmente porque não houve agendamento do evento. Segundo ele, a militância não enviou ofício algum pedindo a realização do evento. Contudo, no jornal da televisão, outro argumento foi usado: a Parada LGBT de Duque de Caxias desagrada as "famílias" e as igrejas evangélicas da cidade. Para mim, está ai a real motivação que levou o prefeito Zito a cancelar a Parada.
"Zito precisa urgente de uma aula sobre a laicidade do Estado", comentou um leitor do A Capa. Tem razão! Além disso, o guarda municipal que virou prefeito da sua cidade precisa entender que ele governa para todos os cidadãos caxienses, entre eles, gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais e, por isso mesmo, não deveria fazer isso com a gente que o tirou da Guarda Municipal e o colocou no Gabinete do Poder Executivo Municipal. Ele não foi eleito apenas pelo voto evangélico! Foi eleito pelo povo de Caxias; eu mesmo conheço gays e lésbicas que nele votaram; claro, estão "pra lá" de arrependidos! Sem neuras, o erro também é pedagógico!
O prefeito Zito também deve entender que o que ele fez foi inconstitucional, pois proibiu a liberdade de expressão de cidadãos e cidadãs do Brasil. Deveria se envergonhar por não cumprir a lei maior do nosso país, ao invés de dizer que fará a mesma coisa no dia 15 de novembro! Como ele mesmo disse na entrevista, ele nada tem a ver com a orientação sexual alheia, tem que respeitar. Contudo, tem também que respeitar a lei que o ordena a não cassar de cidadão algum o direito da livre expressão. Quanto às igrejas, homossexual algum, ao menos os que conheço e que residem em Caxias, tentaram proibir, ao arrepio da lei, a liberdade de expressão desses cidadãos crentes quando vão às ruas na "Marcha pra Jesus". Igualdade, minha gente, eis um dos princípios norteadores da nossa lei maior! Sei que estou "chovendo no molhado", mas diante de fatos como esse, é preciso lembrar: leis são feitas para serem cumpridas; quem não as cumpre, está sujeito às penalidades que tais leis prescrevem. Penalidade máxima no prefeito Zito!
À princípio pode parecer que nada tem a ver com o que ocorreu em Caxias e o pastor carioca Silas Malafaia, da Assembleia de Deus da Penha. Realmente, ele lá não estava apoiando o prefeito Zito, pelo menos não o vi! Contudo, assisto, por dever de ofício, o programa "Vitória em Cristo" do pastor Silas Malafaia todos os sábados e posso dizer com certeza: Silas Malafaia tem tudo a ver com o que ocorreu em Caxias!
O pastor Silas está mais de uma década nas manhãs dos canais abertos da TV brasileira. Nesses anos todos, Silas usou várias vezes a sua tribuna televisiva, talvez o programa evangélico mais assistido no Brasil, para falar sobre "homossexualismo" (sic). Não foi diferente no sábado, 10/12/2009. Desde o sábado anterior, Silas divulgou que levaria ao seu programa algo "imperdível, polêmico": a
ex-travesti Joide Miranda.
O pastor Silas concedeu, generosamente, um longo tempo do seu programa a "ex-travesti" para que esta falasse ao Brasil o seu "testemunho de conversão". Todos os clichês sobre a homossexualidade estavam ali na fala do Joide: pai ausente e violento (além de alcoólatra), mãe de forte personalidade, abuso sexual infantil (por um advogado vizinho, aos seis anos de idade), a vida adulta como travesti que usava drogas, roubava e se prostituía em São Paulo, Rio de Janeiro, Roma, Paris, Milão e outras terras europeias, a solidão existencial nas madrugadas quando chegava do trabalho, as intrigas e maldades de um "mundo cão". Teve de tudo: glamour, dinheiro, sexo à rodo, drogas e rock'n'roll. Com as orações da mãe, que se tornara evangélica, depois de uma visita a esta, converteu-se a igreja evangélica, transformou-se, casou (aliás com uma linda mulher) e hoje "está liberto". Corre o mundo com seu testemunho e já deve ter vendido toneladas de DVD sobre a sua vida na intenção de "ganhar outros travestis e gays para Jesus". Declarou: "Ninguém nasce gay. O Diabo é que nos transforma. Jesus nos liberta, é possível".
Os piedosos crentes foram às alturas com o testemunho de Joide, basta ver no seu site os comentários sobre tão glorioso dia. Contudo, Silas Malafaia não dá ponto sem nó, é esperto demais para isso e só ficamos cientes do motivo do tema do programa naquele dia e da presença de Joide Miranda no finalzinho do programa: Silas foi denunciado ao Conselho Federal de Psicologia (ele é psicólogo) e ao Ministério Público pela militância LGBT. Com um exemplar da Constituição Federal do Brasil nas mãos, declarou que primeiro não era doente para ser homofóbico; segundo, que a lei lhe garantia liberdade de expressão e religiosa e que de acordo suas convicções pessoais, formadas pela religião fundamentalista, ele pode dizer o que quer a respeito do "homossexualismo" (sic). Terceiro que os LGBTs estavam tentando criar uma cidadania de "primeira classe" com a tentativa da aprovação do PLC 122 (ele leu alguns artigos do PLC, contudo, ninguém o avisou que os artigos que leu
já foram alterados pelo substitutivo a ser votado) e, por fim, que ninguém, jamais, o calaria! Berrou em tom de ameaça: "Aviso: contratem os melhores advogados, pois eu contratarei os tops, não os chaves de cadeia, pois vou com tudo pra cima de vocês".
As opiniões do pastor Silas Malafaia, reverberadas ao nível do cansaço em seus muitos anos na televisão brasileira, vão muito além do seu direito à liberdade de expressão, pois são ofensivas. Em palestras que podem ser adquiridas em seu site, você pode ouvi-lo declarar coisas como: "se uma prostituta deixa de se prostituir; se um cheirador (sic) de cocaína deixa de cheirar; se um ladrão deixa de roubar; um homossexual pode deixar o homossexualismo (sic)". Ele compara num só fôlego os LGBTs com outros cidadãos marginais, vítimas de uma sociedade injusta e voraz, lançando mais preconceitos sobre esta parcela da sociedade brasileira.
Quem assiste ao programa "Vitória em Cristo" do Pastor Silas Malafaia? As "famílias" de Duque de Caxias, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraíba, Rondônia, Rio Grande do Sul e do Norte e todos os demais estados brasileiros, do Oiapoque ao Chuí! Ou seja, as "famílias" ouvem barbaridades como essas, além de testemunhos como os de Joide Miranda há mais de uma década! Junte a isso o simbolismo forte do título de "pastor" mais a Bíblia Sagrada. O que temos como resultado? A disseminação exponencial do preconceito contra LGBT: homofobia. Silas chama isso de "direito à liberdade de expressão"!
O resultado da disseminação de uma ideologia cristã fundamentalista e homofóbica estão aí, para todos enxergarem: pais que expulsam seus filhos dos lares, intolerância nas escolas em relação aos LGBTs, agressões verbais e físicas contra essa população, assassinatos cruéis, suicídios e... Paradas canceladas com argumentos como os usados por José Camilo Zito. Nós não podemos nos calar mais! Se é isso que Silas Malafaia e sua gente chama de liberdade de expressão, precisam aprender com a lei o que é, realmente, liberdade de expressão no contexto de um Estado de Direito e nem precisamos aqui do PLC 122 aprovado, basta a mesma Constituição que ele tinhas nas mãos!
Outra coisa: canal de televisão, no Brasil, é concessão pública. O Ministério Público tem o dever de fiscalizar o uso dessa concessão. O Pastor Silas Malafaia crê que está dentro da lei para dizer o que diz a respeito dos homossexuais. Contudo, a nossa lei diz que não será tolerado no Brasil nenhum tipo de discriminação! Nenhum! E é só isso que a gente vê e ouve no programa do Pastor Silas quando ele resolve falar dos LGBTs, ainda que o discurso venha encapado de "amor". Amor?! Não, ódio disfarçado de discurso amoroso, mau uso das Escrituras Cristãs numa interpretação literal e fundamentalista; no dia em que as famílias brasileiras não terem mais acesso aos programas de televisão como este, não tenho dúvidas que o preconceito por orientação sexual e gênero, diminuirá muito no nosso país. A civilização agradece!
* Márcio Retamero, 35 anos, é teólogo e historiador, mestre em História Moderna pela UFF/Niterói, RJ. É pastor da Comunidade Betel do Rio de Janeiro - uma Igreja Protestante Reformada e Inclusiva -, desde o ano de 2006. É, também, militante pela inclusão LGBT na Igreja Cristã e pelos Direitos Humanos. Conferencista sobre Teologia, Reforma Protestante, Inquisição, Igreja Inclusiva e Homofobia Cristã. Seu e-mail é:
revretamero@betelrj.com.


Entre os dias 16 de novembro e 4 de dezembro será realizado no Chile a segunda edição do Festival de Cinema e Diversidade Sexual 2.0. O curta brasileiro "Café com leite", que ganhou o premio Youth Generation em Berlim em 2007 está na programação. Além do Brasil, serão exibidos gratuitamente 26 produções entre documentários, longa e curta metragens de países como o Chile, Espanha, Canadá, Estados Unidos, Filipinas, México, Nova Zelândia, Peru, Portugal e Reino Unido.A mostra será realizada em diversos locais do país. Quem organiza o evento é a ONG chilena Movimento de Integração e Liberação Homossexual (Movilh). Segundo os organizadores os temas são variados e esperam com isso dar conta das múltiplas realidades da comunidade LGBT. Comemoram o fato de este ano ter mais produções chilenas.Entre os temas, destaque para os problemas enfretados pelas pessoas transexuais quando descobrem a sua identidade de gênero na adolescência; a agressão de adolescentes LGBT; famílias homossexuais; países em que os direitos gays são negados - Chile e Brasil por exemplo; a homofobia familiar etc.




O cantor carioca de rap, MV Bill, 35, surpreendeu muita gente quando, no dia 17 de dezembro de 2008, foi publicado no site "Não Homofobia" uma declaração sua em defesa da criminalização da homofobia e pela liberdade da manifestação gay. Também no site da Central Única das Favelas (CUFA), organização fundada pelo cantor, há um tópico onde a entidade questiona se não é a hora de o movimento hip hop abraçar a causa gay. MV Bill ganhou as manchetes dos grandes meios de comunicação quando, em 1999, se apresentou no extinto Free Jazz Festival - atual Tim Festival - portando uma arma falsa em sua cintura. Na época, ele disse à imprensa que se tratava de um manifesto contra a violência. As polêmicas em torno do cantor não parariam por aí. Sempre contundente em suas composições, quis também levar suas críticas ao vídeo. Deu o primeiro passo ao fazer o clipe "Soldado do morro" (2000), no qual menores eram retratados trabalhando para o tráfico. O vídeo foi proibido, pois a justiça alegou que o referido trabalho fazia apologia ao crime. Em 2006, voltaria a chamar a atenção da mídia e da sociedade com seu documentário e livro, Falcão: meninos do tráfico, realizado em parceria com Celso Athayde. Agora, a defesa pública dos direitos homossexuais. Na entrevista a seguir, MV Bill não vacila e faz críticas ao movimento que ele muito admira, o hip hop. "A gente [do hip hop] combate preconceitos, mas temos alguns parceiros que enxergam a homossexualidade de forma homofóbica. É como se a gente estivesse praticando e reproduzindo um sentimento preconceituoso que combatemos a vida inteira", aponta o cantor. Confira a conversa a seguir.
O mundo do hip hop está preparado para receber os gays? O mundo do hip hop me causa fascinação pela possibilidade e capacidade de questionar algumas coisas que estão erradas na sociedade. Porém, o próprio hip hop precisa sofrer uma série de revisões de conceitos. Ao mesmo tempo em que combatemos preconceitos, temos alguns parceiros que enxergam a homossexualidade de forma homofóbica. É como se a gente estivesse praticando e reproduzindo um sentimento preconceituoso que a combatemos a vida inteira. Por que você apoia a criminalização da homofobia? É uma forma de fazer com que os preconceituosos e homofóbicos mostrem suas caras. Com a criminalização, muitos crimes não poderão ficar impunes ou passar desapercebidos. É uma forma de punir quem está praticando preconceito. Essa prática pode disfarçar uma coisa muito maior e não só o preconceito por conta da opção (sic) sexual, mas também pode ter o racial envolvido, e o social, dependendo do local que a pessoa more. Tornar crime não deveria servir para educar. Seria uma forma de mais opções serem respeitadas, mas, como a educação não é o forte do nosso país, então, talvez criminalizar pode fazer com que as pessoas pelo menos respeitem. Respeito já seria um grande passo.Colegas seus fazem piadas ou brincam contigo por conta do seu posicionamento pró-gay? Tem alguns que até gostariam, mas, como eu tenho 1,95m, malho todos dos dias, o pessoal fica um pouco tímido de fazer esse tipo de piada. Eu já fiz no passado, mas depois que aprendi a respeitar as diferenças e as opções, nunca mais brinquei dessa forma e não permiti mais que pessoas fizessem brincadeiras perto de mim. Cada um faz o que quer, mas não comigo. Eu até fiquei surpreso, porque defendi essas opiniões publicamente e não ouvi opiniões contrárias não. Acredito que a ficha da galera está começando a cair, está havendo essa quebra de paradigmas. Alguns setores do movimento gay defendem que a comunidade vote em gays. Qual a sua opinião desse tipo de posição? Essa é a mesma opinião de que as pessoas devem votar em preto, de que índio deve votar em índio. A gente tem histórico de que nem sempre a pessoa pertencente a um mesmo grupo ou a mesma raça tem um compromisso com a causa. Acredito que independente da cor, da opção sexual, da classe social, tem que votar em quem tem as melhores propostas, em quem está melhor preparado. Geralmente, quem está no meio, teoricamente, deveria estar mais embasado pra cuidar das causas e nem sempre isso acontece. Então, sugiro as pessoas que continuem ouvindo as propostas e analisando qual o candidato que é menos distante e mais próximo.Você tem intenção de migrar para o mundo da política?Não. Já recebi convite, mas hoje eu não penso nisso. Prefiro contribuir de forma apartidária e poder falar livremente com um site sem fins eleitoreiros, como acontece com a maioria de políticos envolvidos com algumas causas. Não tenho nenhuma pretensão política, pelo menos nesse momento. Não abraço as causas de acordo com a polêmica e com os votos que ela pode me trazer. Pelo contrário, tenho abraçado causas de coração. Como você observa os políticos religiosos que vão ao plenário criminalizar os homossexuais? Vivem no século retrasado. Precisamos de uma renovação política, para que venham novos políticos, novas questões, e quebrem um pouco desse conservadorismo hipócrita e demagogo que existe dentro de algumas categorias políticas e de alguns partidos políticos. O Brasil precisa de uma nova política de representatividade dentro do nosso nicho, e também de novos rumos para se usar melhor o dinheiro público. Este poder não pode estar na mão de pessoas que criminalizam opções sexuais diferentes.Qual é a sua opinião sobre a participação do governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, na Parada Gay?Eu vejo a participação política como importante. Primeiro, porque dá visibilidade, ajuda a tirar da marginalidade. Porém, a Parada é só um acontecimento. Ela é quase uma festa e a questão gay no Brasil precisa de continuidade. Além da Parada, é preciso um comprometimento maior.Dentro do projeto de vocês, de tirar os meninos do tráfico, há também um trabalho para que estes mesmos meninos não discriminem homossexuais?A gente tem a CUFA (Central Única das Favelas)... Eu não sei devido a que, mas de uns tempos pra cá, houve uma libertação sexual muito grande dentro da favela, jovens começaram a perder o medo de mostrar sua opção sexual. Nós temos a política na CUFA de não discriminar ninguém, ao mesmo tempo a gente tem trocado ideia com os jovens sobre a importância de se desprover de qualquer tipo de preconceito para ser um ser humano melhor no dia-a-dia. Há cerca de dois meses, fiz um trabalho com um grupo de jovens, eles não conseguiam se integrar com os outros e eu percebi isso quando cheguei lá. 80% deles eram homossexuais, tinham consciência em relação ao uso da camisinha, já tinham convicção do que queriam da vida. Outros já queriam viajar para Espanha, um queria ser bailarino, mas faltava uma única coisa: conseguir se integrar ao resto da instituição e, aos poucos, isso foi acontecendo com muita troca de ideia. Primeiro tivemos que recuperar a autoestima do jovem que é gay. Depois, o trabalho é com os héteros, que tem que aprender a conviver com aquele jovem de maneira igual.Você disse que no passado tinha outro pensamento. O que te levou a mudar o ponto de vista? Eu não tinha um pensamento diferente a ponto de ser o oposto do que sou hoje, não era um homofóbico. Por exemplo, se chegasse alguém e fizesse uma piada ou algum comentário preconceituoso sobre gay, eu jamais defenderia ou falaria alguma coisa. Comecei a marcar a minha posição quando fui a São Paulo fazer um show na Praça da República. Era comemoração da Consciência Negra. Aí, quando a van estava chegando perto do palco, aquela histeria das pessoas querendo falar comigo, chegou um cara de boné enterrado até os olhos, bateu no vidro e perguntou se podia falar comigo. Abri a janela do carro, e ele me perguntou: 'MV Bill, que tu acha da entrada do homossexual no hip hop?' Disse para ele que não sabia, e falei 'por quê?', ele então me respondeu: 'ah, porque sou homossexual, gosto de hip hop, sou preto, sou de favela e também acho que o hip hop é um tipo de música que me daria oportunidade de falar como pobre e homossexual'. Aquilo me fez passar um filme, uma reflexão, sobre tudo que a gente luta enquanto membro da cultura hip hop. Vi que deveríamos agregar mais aquela luta.Você fala dessa mudança. O presidente da CUFA é homossexual, né? Sim. Mudanças significativas dentro da CUFA. Nós lançamos o livro "Mulheres no tráfico", que fez com que a gente revisse a questão de gênero e trouxéssemos mais mulheres para a instituição. E a questão da homossexualidade, trazendo o Danilo (presidente da CUFA), não somente para ser politicamente correto, mas pelos méritos dele também. *Entrevista publicada originalmente na edição #20 da revista A Capa