segunda-feira, 18 de julho de 2011

A diversidade dos comportamentos foi o pano de fundo do debate Jovens e as relações afetivas, realizado nos dias 4 e 5 de julho em São Paulo e no Rio de Janeiro, no segundo encontro do projeto "Juventudes Brasileiras", que tem por objetivo discutir como pensam, agem e consomem as novas gerações no panorama da contemporaneidade.

O professor Jean Wyllys (Foto: Renato Velasco)No Rio, o sociólogo Carlos Antonio Costa Ribeiro abriu as discussões mostrando dados de uma pesquisa abrangente sobre como se vivenciam as etapas de transição para a vida adulta. Ele estava acompanhado pelo antropólogo Roberto DaMatta, pelo professor da ESPM e deputado federal Jean Wyllys, e pela psicóloga Laura Muller, que mantém um quadro no programa "Altas Horas", da Rede Globo. Ao final, três jovens contribuíram ao contar suas experiências pessoais.
Roberto DaMatta lembrou que os esforços dos antropólogos, para entender as formações sociais diversas, os levaram à conclusão de que “não há sociedade sem a marcação em duas dimensões: a da idade e a do sexo”. Todas as pessoas têm papéis sociais que lhes são atribuídos, “quer se queira ou não”. “A passagem para a vida adulta tem a ver com a descoberta de uma autonomia interna”, continuou DaMatta. Ele comentou como a sociedade brasileira, em sua geração, era mais preconceituosa que a atual em relação às diferenças, como em relação aos LGBTs. E reiterou: “A juventude sempre tende a recolocar os problemas que a gente bota debaixo do tapete”.
Jean Wyllys, a partir da fala de Roberto DaMatta, comentou a orientação sexual. “Temos, em primeiro lugar, a questão biológica. Depois, a identidade de gênero e, finalmente, a orientação sexual. Eu, por exemplo, sou homem, pois nasci assim, e a minha identidade é masculina, porque eu me sinto homem, enquanto a minha orientação é homossexual”. O jornalista disse ter assumido a sua homossexualidade aos 16 anos. O ato sempre implica uma ruptura com a família. “Todos nós, homossexuais, temos uma nostalgia da família. É algo que se expressa positiva ou negativamente, seja pelas múltiplas relações ou pela vontade de recompor a família. Por isso, a amizade entre gays na cidade é fundamental. A ordem nega até o direito à corte em local público. Somos empurrados para um espaço de orgulho, quando todo o resto é vergonha”, declarou Wyllys. Por volta dos 45 anos, muitos gays, contou ele, procuram reconstituir laços familiares. “É quando buscam, por exemplo, a mãe que foi abandonada pelos filhos heterossexuais”.
MixBrasil

Nenhum comentário:

Postar um comentário