segunda-feira, 24 de outubro de 2011




Somente no primeiro semestre de 2011, cerca de 12 LGBTs foram mortos no Amazonas, uma morte a cada 15 dias. A estimativa é da Coordenação do Fórum Estadual de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trasvestis e Transexuais (LGBT-AM), que vai realizar o primeiro levantamento sobre o índice de mortes por homofobia no Estado.

Segundo o coordenador geral do Fórum LGBT-AM, Francisco Nery Furtado, a instituição vai elaborar um projeto que tem como objetivo fazer o levantameto preciso dos números de LGBTs mortos nos últimos sete anos. Com base em recortes de jornais e outros veículos da imprensa local, Francisco acredita que passa de 100 o número de vítimas de crimes por homofomia, entre 2004 e 2010. "Começamos a catalogar esses casos. Não temos um número exato por conta de vários fatores, mas, acreditamos que esse número deve ser muito alto" disse.
Para ter a precisão desses casos, o coordenador geral do Fórum LGBT-AM contou que vai buscar investimentos junto a Fapeam (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas) para realizar um estudo pioneiro dessas ocorrências e registrar a pesquisa em um conselho de ética. "Como forma de validar a pesquisa, vamos registrá-la no conselho de ética da Ufam ou da UEA)" anunciou.
Segundo a entidade, mesmo com novas conquistas, integrantes do Movimento LBGT têm sofrido diariamente violações aos direitos, como violência e atendimento inadequado em delegacias, além de agressões físicas, verbais e psicológicas.
Com a disponibilização do Disque Direitos Humanos (Disque 100), implantado a menos de um ano pelo Ministério de Direitos Humanos, e do Departamento Especializado em Direitos Humanos (DEDH) ligado à Sejus-Am (Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos), integrantes do movimento e vítimas de homofobia ainda têm medo e não registram os casos.
“Muitas vezes o problema é que essas vítimas de agressão psicológica ou verbal, ainda são reféns do preconceito internalizado, o que dificulta a aceitação sexual e, com isso, não conseguem recorrer a seus direitos”, analisou Francico Nery.
Com o objetivo de tentar reverter esse cenário, o Fórum LGBT-AM tem realizado campanhas sociais divulgando o Disque 100 e orientado a população a procurar o DEDH. “Só por meio da denúncia é que podemos fazer alguma coisa”, enfatizou o coordenador do LGBT-AM, acrescentando que o Fórum Nacional já discute políticas públicas para a abertura de vagas de empregos no mercado de trabalho. “O preconceito é o motivo de muitos estarem fora do mercado de trabalho. Por isso, já estamos estudando medidas para reverter esse quadro”, informou.
No dia 17 desse mês foi realizada em Brasília, a reunião do Fórum Nacional das Gestoras e Gestores Estaduais e Municipais das Políticas Públicas para População LGBT, com a participação da Ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário.
Segundo a assessoria do DEDH/SEJUS de Manaus, as ações estaduais e municipais discutidas no Fórum Nacional, serão deliberadas no dia 14 de dezembro deste ano, durante a realização da Assembléia Ordinária do Fórum.
A 1ª Conferência Nacional foi realizada, em Brasília, em 2008, com a participação do estado do Amazonas, representado por Gestores Estaduais Municipais e Movimento Social. Nesse ano será realizada a 2ª Conferência Nacional LGBT, no período de 15 a 18 de dezembro de 2011, sendo a etapa Estadual/Amazonas realizada no período de 25 a 27 de outubro de 2011. As Conferências LGBT são realizadas a cada dois anos.
Em Manaus, quando a denúncia é recebida no DEDH/SEJUS, é devidamente encaminhada aos órgãos competentes de segurança pública para investigação e apuração dos fatos, sendo de competência do DEDH/SEJUS acompanhar o andamento.
No inicio desta semana, a Secretaria de Direitos Humanos (SDH) do Ministério de Direitos Humanos, divulgou que o Disque 100 recebeu 856 denúncias de casos de homofobia no Brasil entre janeiro e setembro deste ano. As ligações totalizaram 2.432 violações aos direitos LGBT.
O estado de São Paulo lidera o ranking com 134 telefonemas sobre homofobia, seguido pela Bahia e por Minas Gerais, ambos com 71, e pelo Piauí, com 61. O Amazonas registrou apenas três ligações, segundo o DEDH/SEJUS, sendo todas encaminhadas a Secretaria de Segurança Pública (SSP) para investigações.
Gay 1

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