domingo, 27 de dezembro de 2009

A crise da masculinidade comprovadamente chegou aos mangás vendidos no Brasil. Depois de Paradise Kiss e seus personagens andróginos, do romance gay juvenil Gravitation e do machão que precisa cuidar de uma menininha em Aishiteruzi Baby, agora é a vez dos otomen, aqueles homens valentes que gostam de coisas fofas, bichinhos de pelúcia e coisinhas de garota. Em Otomen, um doce de garoto, de Aya Kanno, lançado neste mês pela Panini Comics, o protagonista Asuka Masamune é o macho perfeito: campeão em artes marciais, tem aparência viril, sabe-se portar como um homem. Por dentro, luta para não deixar transparecer que, na verdade, gosta mesmo é de cozinhar, colecionar ursinhos, escrever com canetas coloridas. Ele é gay? Não, não é. E é justamente aí que está a graça desse mangá. Asuka se apaixona por Ryo Miyakozuka, a garota mais bonita do colégio. Ela corresponde, mas Asuka tem medo de que Ryo o abandone se descobrir que ele é um otomen. Para complicar, Tachibana, um machão de verdade, resolve dar uma força para Asuka conquistar Ryo. E acaba desconbrindo que o pai de Asuka tornou-se uma transexual.A ambiguidade queer está presente o tempo todo em Otomen, um doce de garoto, ainda que trate de personagens declaradamente héteros. Já na capa, cor-de-rosa, Asuka aparece de terno e gravata com um flor nos cabelos. Saber encaixar-se ou desencaixar-se de padrões de comportamento masculinos ou femininos faz parte do nosso dia a dia. Nesse mangá, o limite entre um e outro universo é questionado. Afinal, pode-se ficar com o melhor dos dois.

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