segunda-feira, 23 de maio de 2011

O pastor Ricardo Gondim, 54 anos, da Igreja Betesda, informou, através de seu blog, que depois de quase 20 anos como colaborador da Revista Ultimato, ele foi “convidado” pelo conselho editorial a “descontinuar” a sua coluna na revista.

Gondim foi informado pelos responsáveis pela revista de que suas declarações estavam criando desconforto e tensão. A gota d’água, segundo relatou o pastor, foi a entrevista que deu à revista Carta Capital na qual defendeu a união civil de homossexuais e a observância de que o Estado é laico. Aparentemente, ele foi defenestrado menos pelo que escrevia na revista e mais pelo que dizia em outros meios.
“Em um Estado laico, a lei não pode marginalizar, excluir ou distinguir como devassos, promíscuos ou pecadores, homens e mulheres que se declaram homoafetivos e buscam constituir relacionamentos estáveis. Minhas convicções teológicas ou pessoais não podem intervir no ordenamento das leis”.
À Carta Capital, ele disse que o objetivo desses evangélicos é assumir cada vez mais poder político, tendo em vista, inclusive, as eleições presidenciais.
Gondim contou que outro motivo do seu desligamento da Ultimato foi sua afirmação de que “Deus não está no controle”.
Na entrevista, ele disse: “Se Deus é bom e onipotente, e coisas ruins acontecem, então há algo errado com esse pressuposto. Minha resposta é que Deus não está no controle. A favela, o córrego poluído, a tragédia, a guerra, não têm nada a ver com Deus. Concordo muito com Simone Weil, uma judia convertida ao catolicismo durante a Segunda Guerra Mundial, quando diz que o mundo só é possível pela ausência de Deus. Vivemos como se Deus não existisse, porque só assim nos tornamos cidadãos responsáveis, nos humanizamos, lutamos pela vida, pelo bem. A visão de Deus como um pai todo-poderoso, que vai me proteger, poupar, socorrer e abrir portas é infantilizadora da vida”.
Cena G

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