quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A maioria são estudantes do ensino secundário, sentem-se impotentes e acham que os professores não ligam muito às agressões, mais vezes verbais do que físicas. O observatório de Educação da rede ex aequo, uma associação de jovens LGBT criada em 2003, recebeu este ano 50 denúncias anónimas, parte de um projecto de diagnóstico da discriminação nos estabelecimentos escolares do país. Andreia Pereira, da direcção da rede ex aequo, explicou ao i que a compilação das queixas desde 2008 vai ficar terminada até ao final do ano, para depois ser entregue ao Ministério da Educação. Até lá, vão reforçar campanhas de proximidade, com formações para profissionais que trabalhem com jovens.

O último relatório da rede ex aequo foi publicado em 2008. Na altura foram analisadas 92 queixas de homofobia e transfobia, que provinham sobretudo do ensino superior e da região de Lisboa. Esta análise tem o contributo não só de vítimas mas de testemunhas das agressões, e não abrange apenas estudantes - a maioria dos participantes - mas também casos de professores e funcionários.
Apesar de se falar muito da importância dos pares na integração destes jovens, diz Andreia Pereira, "é importante responsabilizar os pais que muitas vezes não têm noção das consequências que a homofobia tem nos filhos". O impacto da rejeição familiar foi quantificado pelo departamento da investigadora Caitlin Ryan, da Universidade Estatal de São Francisco. Num trabalho publicado no final de 2008 na revista "Pediatrics" estabeleceram pela primeira uma relação entre a rejeição familiar e a saúde mental dos adolescentes LGBT. Numa amostra de 224 jovens, com idades entre os 21 e os 25 anos, verificaram que aqueles que tinham tido mais dissabores familiares admitiam 8,4 vezes mais tentativas de suicídio ou 5,9 vezes mais situações de depressão. Associava-se também a rejeição a comportamentos de risco: o consumo de drogas era 3,4 vezes maior entre os excluídos pela família, assim como as relações sexuais desprotegidas. Andreia Pereira sublinha que a aceitação reflecte-se na escola e na rua. "Pode ajudar a que o jovem normalize o seu comportamento e se sinta mais confiante e seguro por ter a percepção dum ambiente contentor da parte das figuras parentais." Marta F. Reis

Nenhum comentário:

Postar um comentário