quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Um serviço de denúncias ajudou a prefeitura de São Paulo a traçar um mapa das agressões provocadas pela homofobia na capital paulista.

Quando Miriam e Taís caminham pelas ruas da cidade, estão entregues a olhares e a boca do povo.
Elas estão acostumadas a ser o foco das atenções de quem passa, mas nunca vão se acostumar com a intromissão, vizinha da violência. “Eu acho errado, porque o homem tem de ser homem e a mulher tem de ser mulher”, diz
“As pessoas têm a sua opção sexual, elas fazem da vida dela o que elas quiserem. Se ela é independente, ela faz o que ela quiser”, conta o marceneiro Luciano Lima Santos.
Taís é transexual e Miriam, travesti. As duas trabalham em organizações não governamentais que ajudam travestis moradores de rua. Elas já foram vítimas das mais variadas agressões.
“Já perdi as contas de quantas vezes eu fui agredida. Já fui agredida por motoqueiro, começaram a me jogar fruta, me jogaram cachorro quente”, conta Miriam Queiroz.
“A sociedade até hoje é uma sociedade preconceituosa, porque ela não consegue admitir a diferença de cor, de raça e de sexualidade”, diz o transexual Taís Souza.
O gráfico Geilson Félix de Lima sabe que caminha num espaço embaçado e perigoso. Um ano atrás foi agredido quando saía de uma balada gay com amigos. “Bateram nas costas, empurraram, jogaram contra a parede, falaram que gay tinha que apanhar, que gay não tinha que ter liberdade, não tinha de ter direito nenhum, que era um absurdo, que o mundo era deles”, relata o gráfico.
Ao todo, 50% das agressões físicas aconteceram no centro expandido, que inclui a Avenida Paulista. A maioria das agressões é contra homens homossexuais de 25 a 39 anos de idade. Depois, 19% na região Leste; 16% na região Sul; 9% na Zona Norte; e 6% na Oeste.
O mais surpreendente: a maioria dos agressores (54%) conhece a vítima – 16% são da própria família e 38% são conhecidos, colegas de trabalho ou vizinhos.
“A gente achava que essa violência acontecia de forma esporádica e não tão escancarada dessa forma, que tivesse vínculo da vítima com o agressor, que dá uma certeza da impunidade dessa agressão. Recebemos denúncias com freqeência, são pessoas que saem com o intuito de atacar”, afirma Franco Reinaudo, representante da Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual de São Paulo.

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