terça-feira, 26 de outubro de 2010

O gênero na adolescência, caracterizado como o que é masculino e o feminino, é um construto social feito por meio dos discursos em interação e está discursivamente ligado ao sexo: homens precisam ser masculinos e mulheres, femininas. Para Weeks (1999, p. 43), o gênero é “uma diferenciação social entre homens e mulheres”.

No que tange à identidade social de gênero masculino, podemos afirmar que é esperada do homem, entre outros aspectos, a aptidão para os esportes e a racionalidade. Assim, em uma interação discursiva entre os adolescentes, esperamos a adesão deles a tais aspectos, visto que contribuirão para a construção da identidade social masculina na qual estão se engajando.
Geralmente, quando abordamos gênero e masculinidade relacionados a qualquer idade do homem, as definições do que é ser masculino e do que é ser feminino gera todo um discurso. Badinter (1993, p. 99) nos leva à reflexão quando afirma que “a identidade masculina está associada ao fato de possuir, tomar, penetrar, dominar e se afirmar, se necessário pela força à identidade feminina ao fato de ser possuída, dócil, passiva e submissa”.
É necessário entender que o discurso do binarismo é, essencialmente, uma forma de dividir, separar, desconectar, desligar categorias de sujeitos, que um sobressai sobre o outro: homo, mulher e negro, à supremacia do primeiro: hetero, homem e branco.
A construção de identidade de gênero de um adolescente – homem ou mulher – dependerá da maneira como foi criado, do período social em que viveu e da cultura familiar e social em que cresceu. Homens e mulheres são orientados sexualmente de formas diferentes, mesmo que eles tenham a mesma cultura, pois socialmente o homem tem uma função sexual diferente da mulher (Guacira Louro 1997, p. 22-24).
Para Louro (1997, p. 22-24), a identidade de gênero liga-se à identidade histórica e social dos sujeitos, que se reconhecem como femininos ou masculinos, e a identidade sexual está relacionada diretamente à maneira como os indivíduos experenciam seus desejos corporais, das mais diversas formas: sozinhos/as, com parceiros do mesmo sexo ou não.
A sociedade exige de homens e mulheres que se comportem segundo os padrões sobre quem são. Essas regras ou convenções são chamadas de masculinidade hegemônica (Connell, 1995, p. 36). A masculinidade hegemônica para Moita Lopes (2002, p. 157 e 158) torna-se mais explícita no âmbito dos esportes, por ser hierárquico e competitivo, além de envolver o enfrentamento físico. Ainda nesse aspecto, destaca-se o papel atribuído à racionalidade que considera meninos mais inteligentes que meninas, tomando por parâmetro estruturas emocionais predominantes nestas. E no âmbito da globalização, atualmente, pesquisas e meios de comunicação dão conta de que o homem hegemônico entra em conflito quando percebe que as mulheres compartilham o papel também de provedora do lar, tornando-se vulnerável diante da sociedade e da mulher.
As diferenças entre os gêneros estão condicionadas pelas culturas que têm uma forma diferente de encarar a educação de homens e mulheres e aos que priorizam a educação rígida e diferenciada para meninos e meninas.
Por outro lado, o homem não pode ser analisado somente em relação à mulher, mas em relação às várias maneiras de ser homem, ou seja, há diversas formas de ser homem.


Izaac Azevedo dos Santos
Mestre em Letras pela PUC-Rio

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